
Atônito, ao lado de Murilinho vi nascer o Viver, tablóide paulistano semanal, guiado pelo subtítulo: Programa completo dos prazeres da cidade.
A sede do Viver ocupava um pequeno conjunto de quatro salas num altíssimo edifício da rua Augusta, muito próximo à região dos Jardins. Questionava-me, sem acreditar – em meio a muito trabalho: – “Sou eu mesmo quem está aqui? Murilinho, diretor de redação do JT é também um empreendedor, como vai tocar esse Viver?”
Levou-o por cinco números. O zero (foto de capa de Chico Guerissi, direção de arte de Hélio de Almeida) saiu em abril de 1976. Eu não tinha, então, a mínima percepção de que, em1976, Murilinho estava criando no Viver um Time Out paulistano perfeito (e necessário) para 2007.
Quando o Viver fechou as portas, Murilinho reuniu os colaboradores mais próximos para brindar, com terna alegria, o final de uma aventura que não cabia em nenhum adjetivo. Brindou-nos com duas garrafas de champanhe. A primeira, uma Veuve Clicquot, de origem controlada; a segunda, uma Georges Aubert, nacional. Com aquele sorrizinho enigmático que sempre o marcou, Murilinho levantou copos de vidro (não havia taças disponíveis) e brincou: “Foram as últimas que sobraram de minha adega”.
Um comentário:
Gostei de ver esta capa. O tipo é Franklin Gothic, que o Mu me fez conhecer na intimidade (quase bíblica) durante nossos anos de DPZ. É como ver um velho conhecido, amigo mútuo, que eu não via há muito tempo. Ver o Franklin Gothic, e saber que ele foi escolhido pelo Mu, é o mesmo que ver uma foto sua. Acho que o Murilo inventava estes detalhes para morar neles, e nas lembranças que nos assaltam de sopetão, escapando por entre as letras de uma tipologia.
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