Márcio Pinheiro
Foi o melhor chefe que eu tive. Foi o pior chefe que eu tive. Trabalhar (conviver) com Murilo Felisberto era viver nessa gangorra. Foi alguém que acreditou em mim desde o primeiro momento. Sem motivo algum. Eu, aqui em Porto Alegre, fui chamado por ele, que tinha algumas (poucas) referências minhas, quase todas elas passadas pela Cacaia.
Já sabia do talento gregário, da capacidade de aglutinar talentos, primeiro na gênese do Jornal da Tarde, depois na DPZ. Tive a a alegria de trabalhar com alguns desses discípulos - Ilan, Daniel, Felipe, Riq - e tive a felicidade de receber do Murilo algumas lições preciosas de jornalismo e de vida - quase todas elas involuntárias, bem no estilo dele, um mestre que desprezava os didatismos. Foi uma convivência curta (pouco mais de um ano), intensa e, às vezes, traumática. O humor ferino era um dos faróis de sua inteligência. Gostava de piadas rápidas, de chistes, de observações agudas. E posso me orgulhar de ter deixado para ele uma pequena pérola do meu repertório. Sei que ele gostou porque, bem ao seu estilo, foi divulgando para conhecidos o achado.
Desde o primeiro momento, ele me tratou como se fôssemos velhos amigos. A empatia foi imediata. Primeiro por telefone, depois quando fui recebido ao vivo na caótica sala que (raramente) ocupava durante uma das diversas reformas da redação do Jornal da Tarde. Exato um ano depois, comigo já contratado e morando em São Paulo, recordei a ele esse primeiro encontro e ouvi. "Viu, azar o teu".
Não foi azar. Foi uma das maiores sortes da minha vida ter convivido com Murilo Felisberto.
Márcio Pinheiro, gaúcho de Porto Alegre, colorado, 41 anos, jornalista profissional há 19. Trabalha atualmente na Zero Hora e trabalhou com Murilo Felisberto no Jornal da Tarde entre dezembro de 2001 e fevereiro de 2003.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
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