Marc Tawil
Pouca coisa afligiu mais o Murilo durante sua última passagem pelo Jornal da Tarde do que a minha latente heterossexualidade. Uma causa que começou cedo, assim que dei os primeiros passos na redação, em abril de 2000. “Esse é, viu? Pode apostar”, murmurou ele ao Waltinho, o manager. “Você é sim! O Murilo NUNCA ERRA”, fazia (e faz até hoje) questão martelar na minha cabeça o Waltinho.
Gostávamos de travar diálogos improváveis, para alguns, inexplicáveis. Divertíamos-nos. Talvez por isso – o que me enche de orgulho –, eu não tenha sequer uma linha para escrever sobre o Murilo chefe, o Murilo publicitário, o Murilo redator, o Murilo repórter. O Murilo que guardo na memória é o amigo, o wise guy.
A última vez que nos vimos foi no Spot, no ano passado. Jantamos com o Ricardo Freire, amigo dele de longa data. Rimos bastante, falamos bem e mal do mundo (especialmente mal), ele com canetas no bolso da camisa azul e óculos de tartaruga, eu com um cachecol que o fazia sorrir.
Uns meses depois, combinamos um almoço.
- Marc Tawil, vou te levar a um lugar charmosim, onde tenho certeza de que você vai se sentir à vontade
- Numa sauna?
- Não, num bistrozin novo aqui na Melo Alves
Era uma terça. Como prometido, fui até a Melo Alves. Mas o elevador do prédio dele, nesse dia, quebrou.
- Desculpe... Se eu descesse, não subiria mais. Tenho aquele probleminha, você sabe...
Me lembro de ter almoçado só nesse dia. E me lembro também que estive à vontade, como ele sugeriu que eu ficaria. Estava certo. Óbvio, afinal, o Murilo NUNCA ERRA.
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